Nunca fui um fanático por pornografia. Óbvio que assisti (e ainda assisto) centenas de vídeos e vi milhares de fotos, no entanto nunca vi nenhuma situação que reproduzisse nem 1/4 do que eu considero uma boa trepada. O contato entre duas pessoas, a troca de intimidade e energia, o tesão compartilhado, a troca de prazer, nunca vi isso num vídeo pornô. Talvez por isso que eu prefira os vídeos amadores, por apresentar um pouco mais de "verdade" – atenção, muitos deles também são falsos
Mas há aqueles que irão dizer que pornografia também é arte. Bom, se assim for, acho que o filme que mais chegou próximo do que considero uma boa trepada foram as cenas do filme "Azul é a cor mais quente", que, vejam só, é protagonizada por duas meninas. Também tem o "9 Canções" – um filme meio chato, mas com boa cenas de sexo. E as cenas do filme "Lucia e o Sexo", do espanhol Julio Mendem, que dão uma abordagem de um erotismo fantástico para a relação sexual. Deve haver outros filmes, mas minha memória falha.
Ran Gavrieli, em uma palestra dada no TED, falou em "Sexo Emocionalmente Seguro", e em como a pornografia influencia nossa cultura. Durante os quinze minutos concedidos pelo TED, ele dissertou sobre relações de gênero e o poder sexual do indivíduo, explicando o por que dele ter desistido de assistir vídeos pornôs.
A palestra tem seus altos e baixos e contém uma ou outra ideia que eu discordo, mas é muito boa para discutirmos como a pornografia influencia as nossas transas e se as fantasias que estão sendo gravadas e assistidas realmente correspondem aos nossos desejos.
Dentro do seu discurso, uma das partes que mais me chamaram a atenção foi quando ele falou sobre escolhermos o que vamos consumir. Escrevi um artigo sobre isso aqui no ORNITORRINCO me referindo à qualidade da informação que estamos recebendo, assunto que muito me interessa, já que hoje somos bombardeados por diversos estímulos e nunca foi tão fácil procrastinar. Ficar velho e amadurecer é, para mim, ter mais consciência das escolhas que fazemos. E por fazer, leia-se: o que você está lendo, quais filmes ou séries de TV você está assistindo, que música está ouvindo, onde está indo se divertir e com quem você está saindo. Claro que a vida não é um eterno trabalho chato, mas vamos combinar que passar a maior parte do seu tempo fazendo bobagem faz de você um bobão.
Abaixo traduzi apressadamente um trecho da palestra do Ran Gavrieli:
Baixamos e assistimos todo tipo de lixo cultural possível. Vamos apenas tentar medir ou estimar o impacto de se assistir 20 minutos de pornografia uma vez, duas vezes por semana, de forma moderada. (...) Isso tem um efeito tanto viciante quanto paralisante. É viciante, porque desenvolve um tipo de dependência do pornô. Mas a parte paralisante, principalmente para meninos e homens, é porque a pornografia está nos ensinando que, como um homem, você somente é valorizado no sexo por ter um pênis grande e uma ereção eterna. De acordo com a pornografia, ser um parceiro sexual valioso não significa ser sensual, apaixonado, atencioso, generoso, bem coordenado. É tudo sobre um pênis grande e ereção eterna. O que não possuímos. Então os meninos ficam paralisados. E se eles não ficam paralisados, muitas vezes acabam se tornando imitadores do que viram, ou seja, eles se tornam agressores, mesmo quando a emoção está envolvida. (...) Se falamos de mulheres, as jovens recebem a mensagem, não só do pornô em si, mas a partir da cultura geral influenciada pela pornografia. Você já viu algum clip da Miley Cirus ou da Lady Gaga? Comerciais? Isso é pornô com roupas. Então as meninas acabam tendo essa noção de que se você quiser ser digna de amor, em primeiro lugar você tem que ser digna de desejo sexual. E agora, a definição de desejo sexual é quase igual a ser como uma estrela pornô.
Assista o vídeo completo:
Não sou tão radical quanto o Gavrieli. O mundo é vasto e múltiplo. Assistam pornografia, pode ser bom e gostoso, mas se vocês acham que sexo bom é como aquele representado nos XVideos, eu só lamento.
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