As redes sociais nos possibilitaram uma façanha perigosa – a de assumir novos papéis e/ou sermos personagens da nossa própria vida. Nesse meio, onde as conexões aproximam distâncias, as verdades se escondem debaixo de palavras personalizadas e imagens coloridas, criando um caminho, talvez, sem volta. Alguns, em casos extremos, passam a considerar como verdadeira a vida que levam na rede. O mundo é a tela. Em caso de dúvida, DELETE – o novo justiceiro. E basta, mesmo que o indivíduo se transforme em uma triste e confusa identidade vagando. Um perfil falante, digamos assim.
Em busca de respostas e conforto, despejamos emoções em nuvens que, mesmo flutuantes, não possuem água e muito menos soluções. Não irrigam, nem respondem. Nesse infinito campo sem dono, autodenominados “sábios”, opinamos sobre qualquer assunto, fato, reflexão alheia, sentimentos de outrem. Só tem valor aquilo que é “curtido”. You like this?
Através de cliques, acreditamos que subimos os degraus da moderna escala social. O que vale é a autopromoção. Sentimos esta necessidade. Contudo, a encenação, por mais real que pareça não se afirma. A vitrine virtual se mostra como um reflexo de uma geração pacata, que se acostumou a fazer somente o que gosta, desde que não precise de muito esforço. Ou coragem. Dentro desse tiroteio de emoções e informações, a maior vítima é a socialização.
Em tempos como os de hoje, onde a reputação online vale mais que qualquer coisa, entre os personagens disponíveis para se fantasiar, eu evitaria os vilões, não importa de qual história sejam.
Vitor Timóteo é redator e social media.