A revista New Yorker publicou ontem uma dura crítica à exposição da Bjork no MoMA. Antes dela, o New York Times, a Times, o Washington Post, a Newsweek, a The Economist e os ingleses Guardian e Independent decretaram seu fiasco. O site ArtNet News, auto-intitulado o maior noticiário do mercado global de arte disparou o cronômetro para a enxurrada de críticas previstas como a "lava expelida pelo vulcão Eyjafjallajokull" quando em erupção lá na Islândia, terra da cantora. Ou seja, a exposição ganhou um grande #fail. A maioria das revisões da mostra pergunta: o que o MoMA está fazendo?
Tachado de "groupie", o museu foi acusado de, nos últimos anos, buscar uma identidade hipster e pegar o caminho do pop, mais curto e mais fácil, para atrair as massas. As massas, que, pelo déficit de atenção, precisam nadar em águas rasas. A artista, rainha complexa e tecnológica, no entanto, sai bem dos disparos, com a reputação cult (e hipster) pouco abalada. É a dignidade do museu que está em jogo. A New Yorker pergunta e responde: estamos sendo elitistas? Sim! O problema, diz a revista, é querer brincar de celebridade.
Tudo que envolve a ideia de celebridade passa, inevitavelmente, pelo insulto à inteligência do espectador. As engrenagens desse sistema, o das estrelas, têm de ser rasas porque não se sustentam, porque podem ruir a qualquer momento. E o cartaz que os críticos estão levantando é um "aqui não". Não me venha com esse manequim vestido de cisne, não me venha com essa reencenação tosca da vida da artista.
A maior das críticas é a de que nos fones de ouvido feitos pela Volkswagen para a mostra (diferentes dos áudio-guias tradicionais mas iguais aos áudio-guias tradicionais), a promessa de uma experiência musical forte tal qual a experiência visual num museu, exigência de Bjork para aceitar a mostra, não se concretiza. E as salas dedicadas à cantora lembram, segundo piadistas de plantão, o Hard Rock Cafe. A tal da pegada celebridade.
Bjork, de tão grande, não conseguiu uma mostra à altura da forma como processa o mundo e do seu trabalho. Ainda assim, e é claro, o museu está cheio, com filas que dão a volta no quarteirão da rua 53 de Manhattan. E o vestido de cisne é altamente instagramável (sqn). Ser pop não é ruim. O problema é ser ruim. Nadar no raso e acreditar que o hype basta.